Nos últimos anos, a equidade de gênero tornou-se uma pauta central nas discussões da sociedade. Esse movimento se refletiu não apenas na esfera social, mas também na publicidade e no marketing. A representatividade feminina na publicidade é um tema de extrema relevância, e nós estamos comprometidos em destacar a importância desse assunto.
No entanto, muitas questões ainda permanecem sem resposta, como a forma como as mulheres são retratadas, a igualdade de representação e os estereótipos de gênero presentes nos anúncios.
A realidade da representatividade feminina na publicidade
Para compreender a importância da representatividade feminina na publicidade, é fundamental analisar a realidade atual. Um estudo global realizado pelo movimento SeeHer e pela Ipsos em 2022 analisou mais de 5 mil anúncios e concluiu que, em 88% das peças publicitárias que apresentam pessoas, pelo menos uma mulher está presente.
No entanto, uma análise mais detalhada usando a medida de equidade de gênero (GEM) mostrou que a maioria dessas mulheres ainda ocupam papéis convencionais. Por exemplo, 26,7% das peças publicitárias retratam mulheres como mães ou avós, enquanto apenas 3,6% às apresentam como atletas e 3,4% como profissionais de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
No Brasil, a situação não é muito diferente. Desde 2015, a ONU Mulheres e a Aliança Sem Estereótipos têm realizado estudos para analisar como gênero e raça são representados na publicidade brasileira, especialmente em comerciais de TV e redes sociais.
O relatório mais recente, de 2022, revelou algumas melhorias, mas também destacou a persistência de estereótipos. Embora a presença de mulheres negras nos papéis principais tenha atingido um patamar recorde em 2022, ainda é notável que 62% das protagonistas de TV e redes sociais sigam o padrão de uma mulher branca, magra, com curvas, cabelos lisos e castanhos.
O poder da publicidade na formação de valores
A representatividade feminina na publicidade vai além de apenas números e estatísticas. Envolve a maneira como as mulheres são retratadas, a qualidade de sua representação e o impacto que isso tem na sociedade. A publicidade desempenha um papel fundamental na criação de desejos, sonhos e valores, moldando a forma como as pessoas se veem e se relacionam com o mundo. Portanto, anúncios mais diversos e inclusivos têm um impacto real na sociedade e na cultura.
Além disso, a representatividade feminina na publicidade não é apenas uma questão de justiça social, também tem implicações nos negócios. O estudo da Ipsos e do movimento SeeHer descobriu que anúncios com representações femininas mais positivas têm maior probabilidade de impulsionar vendas imediatas e de criar relacionamentos mais duradouros com as marcas.
Dicas para uma publicidade mais diversa e inclusiva
Para criar uma publicidade mais diversa e inclusiva, é fundamental considerar os seguintes pontos desde o início do processo criativo:
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Represente as mulheres em situações de empoderamento, não de forma estereotipada:
Fuja de imagens da mãe super atribulada ou extremamente cuidadosa, da mulher histérica ou objetificada, ou como especialista de algo relacionado ao gênero. Elas devem ser agentes de uma situação, ter liberdade de escolha e autoestima, devem apoiar outras mulheres e serem reconhecidas pelo seu talento, e não por uma característica física.
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Mostre pessoas de verdade:
No mundo real, as mulheres são muito mais diversas do que na publicidade. Empenhe-se em retratá-las com diferentes tonalidades de pele, raças ou etnias. Também é importante ter pessoas diversas em relação à orientação sexual e gênero, habilidades, idades, tamanhos e tipos de corpos.
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Tenha uma força de trabalho mais diversa:
A verdadeira mudança na representatividade na publicidade só será alcançada quando houver pluralidade também nos bastidores das campanhas. Equipes diversas, com lideranças diversas, desempenham um papel crucial na criação de anúncios mais representativos.
Conclusão: um compromisso coletivo
É notável o avanço que presenciamos em relação à representatividade feminina em publicidade nos últimos anos. Há mais narrativas diferentes, corpos diferentes e ideias diferentes na TV e na internet. Ainda assim, os números nos mostram que há muito a ser feito. Precisamos de imagens mais ricas e autênticas das mulheres. É necessária uma maior representação de pessoas negras em situações de poder e protagonismo. Também é importante enaltecer outras belezas, que fujam dos padrões estabelecidos.
Em resumo, a representatividade feminina na publicidade é uma questão crítica que vai além da equidade de gênero. Ela molda a cultura e os valores de uma sociedade, influenciando a forma como as pessoas se veem e se relacionam com o mundo. Para criar uma publicidade mais diversa e inclusiva, é essencial quebrar estereótipos, promover a igualdade e refletir a realidade das mulheres em toda a sua diversidade.
Juntos, como profissionais e cidadãos comprometidos, podemos impulsionar as mudanças necessárias para uma representatividade feminina mais autêntica e positiva na publicidade. Nós da Agência Spiner está comprometida em fazer a sua parte nesse movimento de transformação.